quinta-feira, 17 de setembro de 2015

#MemóriaHATMO: A história da guerreira Amandinha pela escritora Ana Esterque

Neste mês de setembro, para celebrarmos o aniversário da HATMO, iniciamos o projeto #MemóriaHATMO, que registra as inspiradoras histórias de luta de cada um dos nossos guerreiros.

Contagiada pelas emoções do projeto, a escritora Ana Esterque fez o relato da sua #MemóriaHATMO em sua página no Facebook. A história da nossa paciente Amandinha, amplamente noticiada pela imprensa em 2014, tocou o coração da paulistana para o trabalho da HATMO. Confira:


A CORAGEM TARDIA

Amanda era uma menina de oito anos que estava na fila para transplante de medula óssea.

Não havia mais tempo sobrando quando, em uma tarde de fevereiro, a mãe da menina recebe um telefonema do hospital. A notícia não poderia ser melhor: fora identificado um doador cadastrado em uma cidade próxima onde a família vivia.

Feitos todos os exames pré-operatórios, a cirurgia liberada e a data marcada, menina e mãe não se continham tamanha era a ansiedade. Na manhã do dia do transplante a equipe médica recebe o telefonema com a notícia de que o doador desistira. O doador covardemente recuou porque teve medo da sala cirúrgica.

Foi uma comoção na região. Família e amigos estavam revoltados, associações em prol de crianças doentes fizeram manifestações em redes sociais, acionaram a imprensa e tocaram todos ao hospital para entrevistar mãe, filha, médico e enfermeira.

"Eu estou triste que ele tenha desistido porque eu queria viver", desabafou a paciente com sua voz infantil ao microfone da repórter.

Vendo ao noticiário enquanto almoçava, o doador comoveu-se em profundidade. Subitamente acometeu-o uma coragem inexplicável- dessa vez verdadeira - e resolveu, por fim, doar sua medula. Imediatamente ligou para o hospital para comunicar a sua última decisão.

Não imaginava que naquele momento a menina havia recebido o diagnóstico de pneumonia, adquirida devido à precariedade de seu sistema imunológico. O transplante agora teria que ser aguardado até que a menina se recuperasse.

Todos rezaram, acenderam velas, fizeram promessas para que a menina se recuperasse prontamente - e para que o doador não desistisse de novo. A menina soube da decisão do doador em voltar a doar, mas já estava fraca demais para ter esperança. Amanda morreu quatro dias depois. 
O doador, então, adoeceu de culpa e arrependimento. Não se soube mais dele e o caso já está esquecido. Ai, mas por qual motivo às vezes, quando a verdadeira coragem chega, já é tarde demais?

(Ana Esterque)

P.S.: Essa história é real, exceto pela parte de o doador sofrer de culpa e arrependimento. Sem imaginação a vida pode ficar insuportável.

Ajude a produzir o Aniversário da HATMO conosco! Já estamos a todo vapor planejando, decorando e adoçando todos os detalhes. Você pode ajudar? Ligue (84) 988058496 e confirme-se! https://www.facebook.com/events/1068132959866670/